Para página do projeto: Margaridas ao Vento
Perante a dor
Dor da perda, da presença, da realidade já vivida, do abraço, do olhar, do beijo, da voz que falta ouvir
Perante a dor da perda de alguém
Podemos deixar de querer viver também
Muitas vezes esta dor não se vê
Não se quer ver
Não quer ser pensada
Adormece-nos para a vida
Com ela já não queremos ver muito mais
Nem acreditar em muito mais
Não desejamos procurar solução
Pois cremos que não haja resolução
Nem luz capaz de aconchegar e alegrar o coração.
Nem sequer queremos falar
Não vemos o que falar
Nem porque falar
Sentimos que as palavras são ocas, vãs…
Achamos que pouco mais há a viver
Pensamos que pouco mais há para ver
Desde aí, depois daí, tudo pode vir
Qualquer coisa pode cair
Que então será só qualquer grão a cair no chão
Sem ser capaz de acordar em nós rastos de vida ou emoção
Sentimos que estamos sós
O nosso ser descortina um pouco mais
A dor instala-se em todos os canais
A tristeza consome todos os corpos
Cada vestígio de existir continua a ser apenas um desabafo dos vãos passos
O tempo pode não ajudar
Mas podemos acalmar
Ao saber que o tempo e espaço são ilusão
Algures num não tempo e não espaço todos estamos em união
Cada alma que passou nesse teu viver acordou um pouco mais de ti
Um pouco mais de nós assim
Porque todos estamos ligados de mão em mão
A passagem desse ser por ti fez-te viver algo
A saída desse ser do teu caminho faz-te resgatar algo mais
Relembrar o auto cuidar
Ou o que deves propagar
Como te deves movimentar
Um propósito pessoal poderá acordar
Ou até uma causa impulsionar
Chora e agradece
Porque nenhuma passagem se compadece com ingratidão e incompreensão
Só se preenche com discernimento da situação e aplicação desse na ação.
Luz e som a quem me lê e sente por aí.
Helena Brou Gomes
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