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Carta de Amor

Foto do escritor: Entre PilaresEntre Pilares

«Meu amor,

Já contamos alguns anos de encantamento e continuamos enamorados. Já se distanciam os tempos em que tudo começou com uma paixão de adolescentes residentes em moradas distintas. Essa dupla cresceu, tornou-se um harmónico, deu frutos. Somos um só, fértil!

Em momentos de conexão de almas e mão sobre o coração, sentindo-nos, venho deixar-te uns pensamentos. Porque vale a pena falar de amor. Porque é tão bom viver com amor.

Amor meu,

Dizia que eras terra e eu céu

Dizia que eramos opostos

Dizia que eramos as duas faces da mesma moeda

Que eramos o ciclo diurno e noturno que faz as 24h do compasso diário

O preto e o branco.

Compreendo agora que em nada somos opostos,

Apenas o complemento mútuo.

Digital e palpável

Silêncio e som

Os que conhecem mais do que parece

Os que amam quando ninguém julga ser possível a felicidade num tamanho abismo.

Somos o abismo para a visão longínqua.

Somos unha e carne,

Cúmplices na palavra e no vazio, no abraço e no beijo, no toque e à distância.

Amados, amantes, empáticos e desafios de crescimento mútuo.

Tolice é julgar que um casal não se estimula, que estando formado há muito estagna.

Tolice é julgar que um casal é pouco dado, ou consistente, ou verdadeiro, ou vivo por não estar a fazer todos os passos de cada um lado a lado, a cada esquina traçada.

Tolice é esquecer a necessidade da individualidade do casal, deslembrando que também esse caminhar num paralelo que se encontra e se cruza é um desafio merecedor de sensibilidade e também é apurado com a idade.

Tolo é quem só quer ver o amor de um jeito quando há pelo menos dois jeitos de ver o amor em quatro olhos do casal.

Que desafio tamanho viver assim, junto de quem tão imensamente te ama e relembra da importância da calma no meio do turbilhão de seres tu mesmo arriscando construir família e confiando na sorte que a vida possa dar.

Por vezes sentia que podia ser difícil, que amar também era cansaço, que cuidar da relação era trabalhoso. Dizia que tantos anos em fases críticas de afirmação de personalidade, sonhos e transformações foram difíceis para encontrarmos e vivermos sempre na nossa linha.

Quais quê! Balelas! Tretas!

Seriam ideias que podiam deitar pares a baixo. Mas não nos deitaram a nós, nunca a nós.

É maravilhoso mergulhar no teu olhar e sentir a tua delicadeza e força de mãos dadas.

É incrível partilhar a vida com o ser lindo e honrado que tu és.

És uma bênção na minha vida!

Difícil é imaginar-me sem ti!

Difícil é vislumbrar um caminhar sem o teu amparo, sem o teu colo, sem a tua verdade simples e essencial.

Difícil é conceber esta vida sem te amar e ser pelo menos tão feliz e completa como sou contigo.

Amo-te!

Meu amor, meu amante, meu marido.

A tua fada do chá

Helena Brou Gomes»

(Texto publicado em : Brou Gomes, H; et al. (2020). Três Quartos de um amor - Coletânea de cartas de amor volume III, Tomo I. Lisboa: Chiado Books Editora.)


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